Raiva transmitida por Morcegos
O morcego, ainda que lembrado como símbolo de super-herói nos cinemas, representa um problema nos ambientes urbanos e rurais. Os morcegos são classificados de acordo com sua alimentação, a maioria é herbívora por alimentar-se de frutos, embora existam aqueles que gostam de folhas, néctar e/ou pólen como componentes de suas dietas. Outros podem ser insetívoros, piscívoros (alimentam-se de peixes), ou mesmo hematófagos (alimentam-se de sangue).
A entrada acidental de morcegos em residências e ambientes de trabalho é comum em áreas urbanas e rurais, principalmente na primavera e verão, período de reprodução e de crescimento dos filhotes. O morcego é temido pela população, pois está associado à transmissão de raiva.
A raiva é um vírus, uma zoonose (doença que pode ser transmitida dos animais para o homem), muito temida. Quando contraída é uma doença grave e quase sempre fatal, com letalidade de aproximadamente 100%. Dessa forma, a melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós-exposição ao risco de contaminação, conforme recomendado pela Secretaria de Vigilância em Saúde, vinculada ao Ministério da Saúde. Os principais transmissores são os animais silvestres, como morcegos, gambás e macacos, que contaminam cachorros, gatos e humanos de forma acidental.
Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que de 55 a 70 mil pessoas morrem de raiva por ano no mundo, depois de serem mordidas por animais infectados com a doença e, cerca de 10 milhões de pessoas são submetidas a tratamento profilático anti-rábico (soro e/ou vacina anti-rábica) após exposição à animais com suspeita de raiva.
Caso um morcego entre em uma residência ou ambiente de trabalho, o Biólogo Márcio Cândido recomenda que a pessoa mantenha a calma e nunca tente matá-lo ou manipular diretamente. Se o morcego apresentar condições de voo, muito provavelmente ele sairá sozinho do ambiente. Neste caso, o procedimento indicado é que sejam fechados os acessos aos outros cômodos da casa e que a porta e janela de saída do local estejam abertas. Acender as luzes também é indicado, tendo em vista que a claridade incomoda, já que os morcegos têm hábito noturno ou crepusculares.
Em caso de necessidade de captura, entre em contato com o Departamento de Vigilância em Saúde – Divisão de Controle de Zoonoses em Animais Domésticos e Sinantrópicos de Porto Velho, ligue para (69) 3901-2874, se certifique com os responsáveis do departamento se o veterinário pode ir à sua residência ou no local de manifestação do morcego para recolher o animal.
Prevenir é a melhor maneira de evitar a raiva, de acordo com o Biólogo: “Para evitar a instalação de colônias de morcegos em residências é importante garantir a vedação de telhados, forros e frestas, além da instalação de telas nas portas e janelas, mantendo estes locais inacessíveis para entrada dos animais. Para saber por onde os morcegos estão entrando e saindo, procure observar a movimentação perto do horário do pôr-do-sol, quando eles iniciam suas atividades.
Algumas estratégias como a instalação de faixas de linha de pesca para dificultar o voo nas proximidades da área de abrigo, colocação de algumas telhas de vidro no telhado para permitir a entrada de luz durante o dia ou a instalação de lâmpadas nos locais onde os morcegos costumam utilizar, tornam o ambiente impróprio para o refúgio dos morcegos, fazendo-os abandonar o local.Porém, o mais importante é lembrar que os morcegos, assim como toda a fauna nativa são protegidos pela Lei de Crimes Ambientais e, além disso, esses animais são fundamentais na natureza, pois atuam como polinizadores, dispersores de sementes, fertilizadores de cavernas, predadores de pragas agrícolas e de insetos transmissores de doenças, dentre outras funções”.
Para continuar combatendo a doença de forma ética e evitar que animais e humanos sofram por conta da raiva, é importante conscientizar todos sobre a necessidade de vacinar seus cães e gatos.
De acordo com o Ministério da Saúde, desde 1973, o Brasil, é considerado exemplo no combate eficaz de raiva animal em todo mundo. Com a criação do Programa Nacional de Prevenção da Raiva houve uma redução de 90% nos casos. E, para que esse número continue a crescer é importante que todos sejam conscientes e vacinem seus animais domésticos e rebanhos de gado.
Deve-se sempre evitar a aproximação de cães e gatos sem donos, não mexer ou tocá-los quando estiverem se alimentando, com crias ou mesmo dormindo. Também, é importante nunca tocar em morcegos ou outros animais silvestres diretamente, principalmente quando estes estiverem caídos no chão ou encontrados em situações não habituais.
Por: Amanda Vitória
Equipe - Março 18, 2019
Denuncie, é o primeiro passo.
“Muita coisa foi tirada de mim, muita coisa foi arrancada de mim e uma delas foi a inocência”. – *Cecília Melí, 18 anos.
Quando você convive com uma criança e tem amor por ela, é capaz de mover céus e terras para fazê-la feliz e livrá-la de toda maldade. Às vezes, o máximo
de esforço não é o suficiente.
O mundo, infelizmente, não é um lugar seguro, principalmente, para os pequeninos que não entendem quando um toque é mais que um toque, que palavras ou ju
lgamentos são capazes de marcar o ser humano por toda uma vida e que coisas simples, como frequentar a escola, é direito deles.
É papel da sociedade proteger e cuidar das crianças, mas nem sempre é assim, como no caso de *Cecília Melí, que tinha apenas 8 anos quando sofreu uma das piores dores que uma criança pode sentir, foi abusada sexualmente: “Eu ficava paralisada, passava um filme na minha cabeça, eu pensava sobre outras coisas, coisas boas. Eu tentava fugir, é como se eu saísse do meu corpo e fosse para um lugar que é só meu. Aquilo acontecia, eu sentia, era horrível, doloroso, mas minha alma não estava lá”, relembra a vítima.
Os abusadores não só praticam a violência sexual como também a psicológica, fazendo com que as suas vítimas se sintam culpadas pela violação: “ Quando as coisas aconteciam, ele sempre falava que eu não poderia falar porque eu ia destruir a família, porque as pessoas não iam acreditar e porque eu ia fazer minhas primas chorarem”, conta *Cecília, relembrando as palavras de seu ofensor.
O ofensor sexual pode estar em qualquer ambiente. Na maioria dos casos, tanto com crianças como adolescentes, a agressão ocorre dentro de casa e o ofensor é de convívio das vítimas e muitas vezes familiares. E, a violência atinge qualquer classe social, sexo e raça.
Casos como o da *Cecília são verdadeiros e acontecem diariamente. Depois de quase 8 anos sofrendo nas mãos de seu ofensor, ela contou aos seus pais, que o denunciaram e, imediatamente, ficaram ao lado da sua filha: “Quando eu tinha 15 para 16 anos, eu e meus pais tivemos uma conversa sobre meu comportamento. Então, minha mãe perguntou se tinha algo a mais que eu queria falar para eles. Foi quando eu falei dos abusos e foi libertador! Eu senti um alívio, foi como se um peso fosse tirado das minhas costas!”.
Hoje em dia, *Cecília faz faculdade e leva consigo uma cicatriz, que nunca sumirá da sua alma: “Nas noites que eu consigo dormir oito horas seguidas, eu tenho pesadelos terríveis.Para amenizar ou reverter os danos causados pela violência na infância, o apoio da família é essencial para a vítima, apoiando na denúncia da violência, estando ao seu lado e incentivando a vítima a procurar o apoio psico
lógico profissional”.
O abuso ocorre em qualquer lugar, *Cecília é uma vítima da zona urbana de Porto Velho (RO), mas é muito comum casos de violência nas zonas rurais do Brasil e o apoio nestes locais muito distantes é fundamental, por isso, atualmente, o 2º Juizado da Infância e da Juventude da Comarca de Porto Velho, tem uma atenção maior com os casos da zona rural através do Projeto Miracema.
O Projeto Miracema foi criado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia – 2º Juizado da Infância e da Juventude Comarca de Porto Velho, com objetivo de levar para as regiões afastadas da capital informação e aconselhamento, promovendo palestras nas escolas e reuniões com os representantes da comunidade para informar a todos sobre os tipos de violência que as crianças e adolescentes estão sujeitos e lembrar que hábitos comuns na região, como o casamento com menores de idade é crime. Inclusive, é enfatizado que se um adolescente maior de quatorze anos se envolver com uma menina menor de quatorze anos, também, é crime e ele irá responder por ato infracional.
A psicóloga Camila Alessandra Scarabel, chefe da seção de Assessoramento Psicossocial do 2º Juizado da Infância e da Juventude da Comarca de Porto Velho e integrante da equipe do Projeto Miracema, esclarece as consequências para as vítimas de violências: “Cada violência vai ter uma especificação. A criança que sofre violência psicológica vai se achar inferior, com baixa autoestima; uma criança que só apanha pode ser agressiva na escola, ter dificuldade de interação social; na violência sexual são diversos os sintomas, sendo mais comum as mudanças bruscas de comportamento, como agressividade, isolamento, tristeza, queda no rendimento escolar e dificuldades de concentração. Os abusos podem ser toques no corpo, insinuações verbais, troca de mensagens em redes sociais, sendo essas com teor sexual. E quando há o ato sexual, terão os sintomas físicos, na região vaginal ou anal”.
É importante abordar o tema de violên
cia contra crianças e adolescentes nas escolas e em casa, orientando sobre a diferenciação de carinho e um toque malicioso por exemplo, “Falar sobre isso nas escolas para que aconteça a autoproteção das crianças, para que elas percebam que os adultos estão querendo fazer algo que não é certo. As escolas têm que trabalhar com os pais, para que eles saibam falar isso com seus filhos, tem que falar para a criança do seu corpo, do seu desenvolvimento”, aconselha a psicóloga.
Assim como o 1º e 2º Juizados da Infância e Juventude de Porto velho, existem outros órgãos de defesa e responsabilização. Na Delegacia de Especialização de Apuração de Ato Infracional- DEPCA é realizado o boletim de ocorrência policial em casos de suspeita de violência contra crianças e adolescentes. A delegacia fica localizada em Porto Velho, na Avenida Amazonas, s/n, bairro Escola de Polícia, telefone para contato: 3214-6320. A Defensoria Pública do Estado de Rondônia, orienta e realiza a defesa nos processos de crimes contra crianças e adolescentes, garantindo acesso à justiça para as pessoas que não podem pagar um advogado. O endereço é rua Padre Chiquinho, 913, Bairro Pedrinhas, telefone: 3216-5051.
As Unidades de Saúde são peças importantes na identificação de qualquer tipo de violência. A Unidade de Saúde de Nova Mutum Paraná, ajuda no encaminhamento, e seu endereço é na Avenida Jirau c/ Abunã- s/n, atrás da Rodoviária, telefone: 3237-3042. A Unidade de Saúde da Família de Jaci Paraná, atende 24h e também ajuda no encaminhamento para a realização do boletim de ocorrência, nos casos de violência. A unidade fica localizada na rua Sebastião Gomes s/n, Br- 364, telefone: 3236-6449/ 3236-6788.
Além da Unidade de Saúde em Jaci Paraná, também existe o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, que informa às famílias em quais lugares procurar ajuda. O CRAS fica localizado na Rua José Sales, 2000, Jaci Paraná. Existe também o I Conselho Distrital, com atendimento 24 horas, onde recebe e analisa as notificações, denúncias e suspeitas de violência contra crianças e adolescentes. Fica localizado em Jaci Paraná, na Avenida Hilário Maia,217, telefones: 3236-6121/ 99979-1799 (Plantão).
Todo tipo de violência contra criança e adolescente é crime e gera consequências judiciais. Denunciar é o primeiro passo para o ofensor responder pelos seus atos perante a justiça. Todos podem denunciar qualquer tipo de ação suspeita, discando 100, e não precisa se identificar. Todos os órgãos de defesa citados no decorrer desta matéria direcionarão você para buscar as soluções cabíveis para o caso especifico.
“Sejam fortes! Mesmo que não existam outras pessoas para lutar com vocês. Se estão passando por isso, saibam que um dia acaba. As marcas ficam, dói bastante, mas ninguém nasceu para perder, ninguém nasceu para ser maltratado. Um dia vocês irão conseguir, assim como eu consegui. Sejam corajosas!” – Estas são as palavras da *Cecília, mulher corajosa, para todos que passaram ou vem passando pelo mesmo.
*O nome foi alterado para proteger a identidade da vítima.
Por: Ana Clara Dantas
Equipe - Março 18, 2019
Primeira Assembleia Geral Extraordinária da Associação do Observatório
O Observatório Ambiental Jirau foi constituído de forma participativa em 2009 e, desde então, é reconhecido pelas comunidades, pelo poder público, pelas empresas locais e pelo estado de Rondônia devido às suas iniciativas sustentáveis. Com o passar dos anos, houve a necessidade de institucionalizar o Observatório Ambiental Jirau, por isso, em 2016, com o apoio da com
unidade local, ele se tornou uma associação.
No dia 04 de dezembro, às 09h, a Associação do Observatório Ambiental Jirau de Estudos e Desenvolvimento Sustentável, conhecida pela comunidade como Observatório Ambiental Jirau, realizou a primeira Assembleia Geral Extraordinária em sua sede. Na ocasião, aconteceu a admissão de novos associados e a eleição dos Conselhos Administrativo e Fiscal.
Marlene Rodrigues, moradora de Nova Mutum Paraná há seis anos, recebeu o convite de um amigo para fazer parte da associação e foi admitida como sócia na Assembleia: “Ao receber o convite para fazer parte da Associação do Observatório me senti honrada. Mas, logo quis saber como a Associação funcionava, pois creio que transparência significa muito, principalmente quando se trata de uma associação”.
Associação, em um sentido amplo, é definida por qualquer iniciativa formal ou informal que reúne pessoas físicas, ou outras sociedades jurídicas, com objetivos comuns, visando superar dificuldades e gerar benefícios para os seus associados.
Desta forma, a Associação do Observatório Ambiental Jirau de Estudos e Desenvolvimento Sustentável reúne pessoas que pretendem contribuir com o desenvolvimento de Nova Mutum Paraná promovendo assim, o bem comum de todos, seja na área da saúde, esporte, lazer, formação pessoal ou desenvolvimento sustentável.
A partir deste ano a equipe técnica do Observatório disponibilizará cursos e capacitações para os conselhos eleitos em reunião, assim os conselheiros estarão aptos para colocar em prática os conhecimentos adquiridos e poderão tomar decisões fundamentadas e buscar parcerias para realizar atividades em várias áreas em Nova Mutum Paraná.
Em entrevista, Marlene relatou sobre como pretende contribuir com o desenvolvimento de Nova Mutum Paraná: “Unir a comunidade de Nova Mutum Paraná é muito importante, pois juntos conseguiremos fazer a diferença. Buscar parcerias com empresas privadas e o poder público é fundamental, assim iremos conseguir trazer cursos para a comunidade e talvez até gerar emprego”.
Promover o bem da comunidade de Nova Mutum Paraná é, sem dúvida, o maior objetivo da Associação do Observatório, que está de braços abertos às pessoas que desejam associar-se. Para mais informações, procure a equipe do Observatório Ambiental Jirau, localizado na Rua Idalino Kruger, de segunda a sexta, das 08h às 12h e das 14h às 18h.
Por: Amanda Vitória
Equipe - Março 18, 2019